No dia 28 de junho, comemora-se o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+. Nesta data em especial temos a chance de fazer algumas reflexões e debates importantes sobre a atual situação dos grupos LGBTQIA+ na nossa sociedade, o que também abre portas para discutirmos como está sendo feita a inserção e o acompanhamento desses grupos no ambiente de trabalho.
Diversidade é o futuro do trabalho
Uma pesquisa feita pela Deloitte em 2015 revela que 83% dos Millennials se sentem mais engajados trabalhando em empresas que fomentam uma cultura de diversidade e inclusão. A pesquisa mostra também que 74% dos Millennials acreditam que uma cultura inclusiva fortalece a inovação dentro da organização. Esses dados, se analisados com atenção, dizem muito o futuro das empresas e do ambiente de trabalho.
As novas gerações, como os Millennials e a Geração Z, são naturalmente mais plurais e diversas. Essa característica, inerente à sociedade jovem, será eventualmente refletida nas organizações, pois, esses grupos serão, em um futuro não tão distante, os novos líderes das empresas. Portanto, podemos dizer que, mais cedo ou mais tarde, as empresas simplesmente terão um ambiente mais diverso e inclusivo, sendo este o seu “novo normal”. A força de trabalho será mais diversificada e, com isso, surgirão novos desafios, necessidades e percepções acerca da experiência de trabalho. Portanto, trabalhar iniciativas de diversidade e inclusão, além de oferecer condições de equidade, coloca a organização no caminho para o futuro.
Um outro relatório da Deloitte de 2018 sobre Diversidade e Inclusão traz dados interessantes sobre o impacto dessas iniciativas no negócio. A pesquisa mostra que empresas que fomentam uma cultura inclusiva possuem 6x mais chances de serem inovadoras, ágeis e líderes que apresentam comportamento inclusivo observam um aumento de 29% na colaboração da sua equipe. Contudo, esses resultados não são frutos de uma simples relação de causa e efeito, mas são consequência de empresas que já estão em um caminho disruptivo para o futuro, e entendem que não é possível adentrar ao futuro sem antes tornar a cultura e a liderança mais diversa e inclusiva. A diversidade adiciona novos pontos de vista na tomada de decisão, traz novos processos e métodos para a gestão e contribui para o desenvolvimento de produtos inovadores. Um relatório da Forbes sobre diversidade e inclusão trás conclusões muito semelhantes, o que reforça ainda mais a importância de tratar esse assunto com seriedade dentro das empresas.
Precisamos falar mais sobre diversidade e empatia
Apesar de dados que comprovam a importância de um ambiente de trabalho mais diverso, sabemos que essa caminhada é longa e para ajudar no entendimento e despertar das pessoas para esse assunto, queremos compartilhar uma reflexão escrita pela Júlia Rosemberg, psicóloga que trabalha há mais de 20 anos com diversidade e inclusão no mercado de trabalho:
Como falar de afeto em tempos de tantas desarticulações? Como permitir nos afetar quando as espadas apontam o reflexo prateado em direção aos nossos corações e as nossas cabeças? Como existir em comunidade quando gastamos nossa energia olhando as telas individuais das nossas conexões apaticamente virtuais? Como encontrar traços de civilidade em uma humanidade tão fragmentada?
O que fazemos genuinamente diante do fato do Brasil ser o país que mais mata pessoas trans no mundo? Como nos portamos diante da mutilação que são submetidas cotidianamente pessoas intersexo? Onde estamos agora, quando sabemos que a pandemia tem agravado questões relacionadas à saúde mental das pessoas LGBTQIA+? Quais são as nossas ações individuais e coletivas de enfrentamento ao retrocesso que pretende anular nossas existências?
Depois de quase duas décadas trabalhando com diversidade e inclusão, chego aqui com muitas perguntas: perguntas que me angustiam e me fazem questionar nosso projeto de humanidade. O que pretendemos enquanto indivíduos da mesma espécie e o que de fato nos desperta empatia, palavra tão na moda e, ao mesmo tempo, tão esvaziada de significados, como tantas e tantas outras palavras que usamos sem responsabilidade.
Venho cotidianamente buscando formular perguntas e concretizar respostas, mas quando fecho meus olhos e me concentro no que existe e resiste dentro do meu peito, nas minhas vísceras, entendo que elas – as respostas – só serão construídas coletivamente, em espaços em que o afeto é o elo entre as peles, os corpos, as potências e as contradições.
Essas respostas serão o resultado dos processos de escuta e fala, processos de entrega real, em que cada um e cada uma de nós possa estar no presente, em contato autêntico com aquele ser que está do nosso lado e com aquele ser que, também por total responsabilidade nossa, não está presente.
Cabe a todas, todes, todos nós sairmos desse automatismo robótico em que somos condicionados pelo egoísmo, pela vaidade e pelas desigualdades e buscarmos, incansavelmente, respostas.
Promova diversidade a partir da experiência do colaborador
Como muito bem colocado por Júlia, a palavra empatia está muito “em alta”, sendo uma palavra da moda nas redes sociais, notícias e campanhas publicitárias. No entanto, ela nos provoca a entender realmente o que esse termo significa: se colocar no lugar do outro.
Ao olhar a jornada dos colaboradores por meio da ótica da experiência, a empatia ocupa um lugar central. No momento que você passa a entender quais são as dores e necessidades dos seus colaboradores, você consegue criar experiências mais positivas e inclusivas. Dessa forma, através de um processo de escuta frequente, combinada com ferramentas de analytics, é possível saber que os colaboradores realmente precisam, e assim, priorizar as iniciativas mais urgentes. No caso dos colaboradores LBGTQIA+ é importante que exista um canal seguro no qual eles possam falar sobre suas insatisfações com a experiência, com o time ou mesmo com a empresa. E, a partir dessas impressões, desenvolver ações concretas de diversidade e inclusão.
A chegada do “novo normal” coloca em evidência a importância de cuidarmos da experiência dos colaboradores. Em outras palavras, cuidarmos das Pessoas. Nessa abordagem é possível transformar a empatia em ações práticas que irão promover uma cultura mais diversa e inclusiva. Para concluir, queremos reforçar uma frase da Kanyn Twaronitte, VP de Diversidade e Inclusão na Ernst Young. Ela diz: “Quando as organizações constroem uma cultura que valoriza todas as dimensões de diversidade – ou seja, promovem oportunidades com equidade para as pessoas crescerem, aprenderem e avançarem – cria-se um ambiente em que todos prosperam.”
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