A experiência do colaborador se tornou um fator-chave para o sucesso das empresas em todo o mundo. Devido aos efeitos recentes da pandemia global de Covid-19, à rápida mudança para a era digital, ao surgimento de novas formas de trabalho e outros eventos mundiais importantes - como a "Grande Resignação", o Quiet Quitting e a Guerra por Talentos, as empresas estão reconhecendo cada vez mais que a experiência das suas pessoas colaboradoras é crucial.
No entanto, como o ambiente de trabalho está em constante evolução, é importante que as empresas se adaptem às novas tendências para manter seus colaboradores engajados e satisfeitos. O Panorama da Experiência do Colaborador 2023 da Pin People destaca algumas das principais tendências para o futuro da experiência do colaborador.
Siga a leitura e saiba mais.
Nossas equipes de People Science (Ciência de Pessoas) e Data Science (Ciência de Dados) realizaram essa pesquisa ao longo do ano de 2022 com quase 400 mil colaboradores de algumas das maiores empresas do Brasil e América Latina. A partir dos resultados, identificamos os principais pontos positivos e negativos da experiência dos colaboradores, compreendemos suas razões e analisamos tópicos e sentimentos em comentários abertos para criar uma visão geral do cenário atual e futuras preparações.
Para lidar com a grande quantidade de dados coletados e os inúmeros comentários recebidos, utilizamos tecnologias proprietárias da Pin People, como machine learning e inteligência artificial, o que trouxe agilidade, precisão e eficiência ao trabalho dos nossos especialistas e é uma ferramenta comumente empregada por nossos clientes na Pin People.
Separamos, neste artigo, alguns dos maiores insights obtidos nesse estudo.
Ex além do primeiro dia
Muitas empresas se concentram na experiência do colaborador no primeiro dia de trabalho, mas isso não é mais suficiente. A experiência do colaborador deve ser vista como um processo contínuo, que começa antes do primeiro dia de trabalho e continua ao longo do tempo.
É importante que as empresas criem um ambiente de trabalho acolhedor, que ajude os colaboradores a se integrarem à cultura da empresa e desenvolverem um senso de pertencimento para, assim, diminuir o gap de experiência que observamos no gráfico acima e que chamamos de “efeito lua de mel” - apontado, também, na matéria da Exame sobre o relatório.
Um dos pilares das boas experiências é a continuidade do engajamento. Embora a primeira impressão tenha seu valor, é crucial que todos os dias da trajetória da pessoa colaboradora sejam vistos como uma chance de aprimorar as experiências, cultivar relações mais sólidas e nutrir habilidades que beneficiem tanto a pessoa quanto a empresa.
A organização plural
A diversidade e a inclusão estão se tornando cada vez mais importantes para as empresas. As organizações precisam ser inclusivas e acolhedoras para pessoas de todas as raças, gêneros, orientações sexuais e origens culturais.
A diversidade traz diferentes perspectivas e ideias para a mesa, o que pode ser muito benéfico para a empresa. As empresas que não priorizam a diversidade correm o risco de perder talentos valiosos e criar uma cultura tóxica.
Nesse sentido, não basta apenas promover a diversidade dentro da empresa, é necessário disseminá-la em todas as áreas, equipes, cargos e processos, e integrá-la à cultura organizacional.
Todos têm algo a aprender e contribuir, desde que sejam oferecidas oportunidades e segurança para que isso aconteça. É crucial abandonar a mentalidade limitada sobre quem pode desempenhar determinadas funções, pois o mundo atual é um universo de possibilidades infinitas, com inúmeras combinações, e permitir que essa diversidade ocorra no ambiente de trabalho é um fator-chave para a competitividade, especialmente na atração e retenção de talentos.
As recomendações que essa tendência reforça são:
- A experiência muda de acordo com a persona;
- Há diferenças claras na experiência analisada por gênero, geração e tempo de casa;
- A inclusão é grande destaque positivo em 2022;
- É necessário realizar recrutamento de pessoas diversas, assim como definir uma estratégia de equidade e inclusão;
- É preciso se aprofundar no entendimento sobre necessidades de cada geração (força de trabalho multigeracional);
- Nunca se esquecer da máxima: One size doesn’t fit all.
Redesign da organização flexível
Atualmente, é sabido que o mundo evolui em ritmo acelerado, enquanto os comportamentos humanos permanecem mais lentos e resistentes às mudanças. As empresas precisam ser mais flexíveis em relação aos horários e locais de trabalho. A pandemia de COVID-19 acelerou a adoção do trabalho remoto, e muitos colaboradores agora esperam ter a capacidade de trabalhar em horários e locais que funcionem para eles.
As empresas que não oferecem essa flexibilidade correm o risco de perder seus talentos. É importante que as empresas criem um ambiente de trabalho que seja adaptável e flexível.
Nesse cenário, é crucial ter compreensão e paciência para lidar com novidades que antes eram consideradas impossíveis. É recomendado o uso de treinamentos e comunicações para incentivar comportamentos flexíveis, o que facilita o processo de adaptação às mudanças.
A flexibilidade deve ser incorporada às políticas da empresa, com uma revisão dos processos organizacionais para eliminar burocracias desnecessárias. Isso agiliza a interação entre as pessoas e permite que a energia seja direcionada de forma mais produtiva e benéfica para a experiência do colaborador.
Essa é uma tendência importante para impulsionar o desenvolvimento de uma cultura na qual as atividades possam ser readequadas conforme as necessidades individuais, permitindo que todos trabalhem de forma confortável e sem prejudicar a cadeia de processos, como ocorre em empresas que são inflexíveis ao enfrentarem desafios inesperados.
Proatividade frente ao bem-estar
O bem-estar mental e físico dos colaboradores está se tornando cada vez mais importante. Segundo o artigo da Veja Saúde, em 2019, uma pesquisa da International Stress Management Association (Isma-BR) estimou que 32% da população economicamente ativa sofria de sintomas de burnout.
Nesse cenário, as empresas que oferecem programas e benefícios que ajudam as pessoas a gerenciar o estresse e manter uma boa saúde mental têm uma vantagem competitiva na retenção de talentos. É importante que as empresas criem um ambiente de trabalho que promova o bem-estar e apoie os colaboradores em suas necessidades de saúde mental e física.
De acordo com os nossos dados do Panorama, os níveis de segurança psicológica no ambiente de trabalho estão diretamente ligados à expectativa de permanência dos colaboradores na empresa. Quando há confiança para se expressar com sinceridade e respeito pelas opiniões divergentes, é possível discutir questões que podem afetar o bem-estar no trabalho, mesmo que não estejam diretamente relacionadas a ele, construindo conexões mais sólidas e duradouras com a empresa e os colegas.
A busca pela felicidade no trabalho, muitas vezes vista como sinônimo de bem-estar, requer uma avaliação constante de como os colaboradores estão se sentindo. Em ambientes compreensivos e estimulantes, a autenticidade e a participação são incentivadas, fortalecendo os laços entre colegas, aumentando os fatores de proteção e oferecendo mais ferramentas para combater efetivamente o estresse.
Em resumo, pessoas de todos os recortes estão incomodadas com volume de trabalho e dificuldade em equilibrar vida pessoal e profissional, o que torna, também, a Segurança Psicológica como ponto de atenção na jornada. Confira o gráfico abaixo:
O Acolhimento na despedida
A despedida é um momento difícil tanto para a pessoa colaboradora quanto para a empresa. É importante que as empresas ofereçam um ambiente acolhedor e solidário para os colaboradores que estão deixando a empresa. As organizações devem se concentrar em manter um relacionamento positivo com os colaboradores, mesmo após a despedida, e oferecer suporte emocional e prático.
Achamos que a melhor maneira de humanizar o processo de desligamento é por meio de uma abordagem aberta e respeitosa. Embora possa ser um assunto delicado, é importante abordar o tema de forma transparente para evitar rumores e suposições infundadas que podem ser prejudiciais. Todos os colaboradores da empresa devem estar cientes e confortáveis para falar sobre o processo de Offboarding, seja ele voluntário ou involuntário, e ter acesso às informações relevantes.
Portanto, a tendência atual relacionada ao acolhimento na despedida prevê capacitar as lideranças para terem conversas difíceis, incentivando uma abordagem mais positiva para identificar problemas durante a jornada e preparar para a saída de colegas.
Além de humanizar o processo de desligamento, as lideranças devem valorizar os feedbacks construtivos como uma forma valiosa de ajudar a equipe a melhorar, evitando que problemas reversíveis se tornem urgentes no desempenho dos colaboradores.
Desse modo, todas as pessoas envolvidas estarão alinhadas e prontas para lidar com o desligamento, quando ele eventualmente ocorrer, “seguindo a tendência do ‘desligamento humanizado’, com mais empatia e maior acolhimento” - como orientam Luisa Aliboni, coordenadora de metodologia da Pin People, e Frederico Lacerda, CEO e cofundador da Pin People, em entrevista para matéria do Valor Econômico.
Suporte e desenvolvimento da liderança
É dado que as lideranças têm a responsabilidade de direcionar e inspirar a equipe, definir metas, gerir comunicações e conflitos, tomar decisões estratégicas, avaliar riscos e oportunidades e, além disso tudo, garantir uma ótima experiência para sua equipe.
Por isso, é fundamental que as lideranças sejam desenvolvidas para entender seu papel em EX e entregar experiências melhores para os times. Em adição, as organizações devem entender que as lideranças também devem ter experiências positivas e personalizadas para poderem exercer efetivamente seu papel.
Segundo nossas análises, muitos colaboradores desligados involuntariamente apontam um problema grave na experiência com as lideranças, indicando que elas precisam dar mais atenção à qualidade e frequência dos feedbacks, sobretudo nos pontos de melhoria.
Por fim, para incentivar essa dedicação das lideranças à experiência de sua equipe, é preciso avaliar se elas estão tendo clareza do que é esperado delas, se estão tendo o suporte necessário e, principalmente, se possuem tempo para isso. As respostas indicam que a experiência das lideranças está sendo impactada negativamente pela relação com suas próprias lideranças diretas e pela falta de alinhamento com as organizações.
Assim, é fundamental que se atue em todos os níveis da hierarquia organizacional e se desenvolva a liderança sênior para prover feedbacks, suporte e direcionamentos para quem é líder, promovendo seu desenvolvimento e abrindo espaço para discordarem e darem suas opiniões.
Conclusão
Considerando os dados apresentados, podemos dizer que é de extrema importância que as empresas se adaptem a essas tendências para manter seus colaboradores engajados e satisfeitos.
As empresas que priorizam a diversidade, oferecem flexibilidade, apoiam o bem-estar dos colaboradores e criam um ambiente acolhedor durante a despedida têm uma vantagem competitiva na retenção de talentos e no sucesso a longo prazo.
O Panorama da Experiência do Colaborador 2023 da Pin People fornece insights valiosos sobre como as empresas podem se adaptar às tendências em constante evolução e criar uma experiência do colaborador que beneficie tanto os colaboradores quanto a empresa como um todo.
Para saber mais sobre as tendências e outros dados sobre a experiência da pessoa colaboradora destacadas no relatório, faça o download do arquivo do Panorama da Experiência do Colaborador 2023, clicando aqui.
Leia também:
- Como a liderança afeta a experiência dos colaboradores?
- Como a experiência de trabalho influencia a saúde mental dos colaboradores
- Entrevista de Desligamento: por que é importante e como implementá-la na sua empresa