Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a síndrome de Burnout é resultante de um estresse crônico derivado do ambiente de trabalho, ou em razão dele, que não foi gerenciado com sucesso. É caracterizada por três dimensões: 1) sentimentos de esgotamento ou exaustão de energia; 2) aumento da distância mental do trabalho, ou sentimentos de negativismo, ou cinismo relacionados ao trabalho; e 3) eficácia profissional reduzida.
Apesar de Burnout não ser um problema novo, as condições de trabalho remoto impostas pelo isolamento social acabaram acentuando os níveis de stress no ambiente de trabalho. Uma pesquisa realizada pela plataforma Blind mostra que 73% dos profissionais entrevistados alegaram estar exaustos com o trabalho, um número 12% maior em relação a fevereiro de 2020. Na última aplicação da pesquisa, os principais fatores de stress foram: falta de equilíbrio entre vida pessoal e profissional (26,7%); sobrecarga de trabalho (20,5%) e preocupação com a estabilidade do emprego (18,8%).
Nos últimos meses o bem-estar e a saúde-mental do colaborador entraram para a vanguarda de iniciativas nas empresas, bem como, para a construção de uma boa experiência para o colaborador. Visto isso, é mais do que necessário discutir o aumento do stress resultante do trabalho e entender como o RH pode auxiliar os colaboradores nesse aspecto, principalmente no tocante à prevenção de Burnout.
Quais são os sinais mais comuns de Burnout e como identificá-los?
É muito difícil para o RH lidar com casos de Burnout quando eles já estão acontecendo, mas é possível identificar alguns sinais de predição e, a partir disso, criar iniciativas junto com profissionais de saúde mental para que seja feito uma prevenção, ou, se for o caso, iniciar um tratamento. Entre os principais indicadores, temos:
Exaustão
A exaustão é um dos primeiros sinais de um stress crônico relacionado ao trabalho. Ela pode se manifestar por meio de sintomas físicos, como: dores de cabeça, problemas com o sono e respiração mais ofegante, como também através de sintomas psico-emocionais, sendo os mais comuns: sentimento de impotência e frustração, falta de concentração e até mesmo problemas de memória.
Baixa motivação
Os sentimentos em relação ao trabalho são duramente afetados quando o colaborador atinge o estado de Burnout. Colaboradores que deixaram de transmitir entusiasmo ou não demonstram motivação para realização do trabalho podem estar apresentando os primeiros sintomas de Burnout. Contudo, existem casos e casos, e esse período de desânimo pode ser resultado de outras situações que estão acontecendo no âmbito pessoal do colaborador. Porém, é importante ficar atento quando esses sentimentos são demonstrados no trabalho.
Negativismo
Alinhados com sentimentos de desânimo existem também o negativismo, que passa a envolver a perspectiva do colaborador, não somente em relação ao trabalho, mas também em relação a si mesmo. Impotência, irritação, e se sentir “derrotado” são sensações comuns para aqueles que sofrem de Burnout. É como se todo dia fosse um dia ruim. O agravamento desse quadro pode levar a casos de depressão.
Problemas interpessoais
As relações pessoais no trabalho começam a ser afetadas pelo Burnout, principalmente através de comportamentos como cinismo. É comum entre os colaboradores que sofrem de stress crônico no trabalho tratarem seus colegas com cinismo. Além disso, apresentam uma tendência a isolamento e deixam de cumprir com algumas responsabilidades.
Queda de desempenho
Entre as principais consequências do Burnout temos a diminuição do desempenho do colaborador, que passa a se comprometer menos com suas atividades e apresenta uma maior taxa de absentismo ou atrasos, bem como, uma maior procrastinação.
Problemas de saúde
Os problemas de saúde são resultados de um agravamento do quadro de Burnout que não foi propriamente acompanhado por um profissional qualificado. A dieta e o autocuidado são drasticamente modificados levando a condições de baixa imunidade, o que favorece o desenvolvimento de doenças. Quadros de depressão também podem surgir a partir do Burnout.
Para conseguir identificar esses sinais é preciso construir um canal de escuta ativa que colete frequentemente feedbacks e impressões dos colaboradores em relação à sua experiência de trabalho, de maneira segura e anônima, permitindo que o colaborador possa se expressar livremente sem se preocupar com represálias ou retaliações. Perguntas fechadas e perguntas abertas são ótimas maneiras de coletar feedback. A primeira permite que os colaboradores deem uma nota para um tópico, o que facilita a construção de análises e relatórios, e a segunda, deixa aberto para que o colaborador faça comentários, permitindo um aprofundamento da perspectiva sobre determinado assunto.
O próximo passo é construir análises que permitam identificar alguns desses sinais de Burnout. O ideal seria combinar dados quantitativos com dados qualitativos para conseguir chegar a conclusões mais assertivas. A Pin People, por exemplo, possui na plataforma um relatório que permite fazer análise dos comentários. Desse modo, o RH pode ter uma visão mais subjetiva sobre o que está sendo falando em relação à experiência, e quais temas ou palavras são mais recorrentes. Isso é extremamente útil na medida que torna possível identificar termos geralmente associados a um desgaste mental, tais como: “exaustão, improdutivo, não posso, não consigo, deixa pra lá, impossível e mal-estar”.
Porquê cuidar da experiência é importante na prevenção de Burnout
É importante saber identificar os sinais de Burnout a fim de evitar um agravamento da saúde mental e física dos colaboradores. No entanto, o Burnout é apenas consequência de uma experiência de trabalho em que há ausência de limites entre o pessoal e o profissional, caracterizado por um acúmulo de tarefas, responsabilidades e um crescente aumento de exigências e pressões.
Portanto, para evitar o esgotamento profissional é necessário cuidar da experiência dos colaboradores, buscando entender os pontos críticos relacionados à saúde mental e stress e desenvolvendo iniciativas para fomentar o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. Para isso, é preciso entender qual é o momento do colaborador dentro da sua jornada na empresa e mapear os principais pontos de interação que acontecem na sua experiência de trabalho nesse momento, considerando sua relação com o líder, com a equipe, suas atividades e condições de trabalho. Esses são só alguns exemplos… Feito esse mapeamento, o RH precisa entender como está a experiência em relação a esses fatores a partir da perspectiva do colaborador. A análise das impressões dos colaboradores permitirá identificar se existem sinais de Burnout e, se for o caso, definir quais iniciativas são mais indicadas para prevenir o agravamento da situação e evitar que mais colaboradores desenvolvam a síndrome.
Separamos algumas boas práticas para serem implementadas na experiência do colaborador e reduzir as chances do desenvolvimento do Síndrome de Burnout:
Promova a atividade física
Estimule a prática de atividades físicas e exercícios laborais regulares entre os colaboradores. Algumas soluções, como a Gympass, possuem programas corporativos específicos para a prática de atividade física regular.
Cuide da saúde mental dos colaboradores
Invista na saúde mental e na prevenção de problemas decorrentes do trabalho através de terapias online ou em grupo para os colaboradores. A Vittude oferece um serviço de auxílio psicológico para empresas que buscam atuar preventivamente na questão de saúde mental.
Implemente benefícios inteligentes
O programa de benefícios pode ser uma poderosa estratégia para garantir mais equilíbrio entre vida profissional e pessoal. Para isso, é necessário ter um portfólio diverso de benefícios e vantagens que sejam capazes de atender as múltiplas necessidades dos colaboradores. A Allya oferece uma rede inteligente de parcerias auxiliando o RH na criação de benefícios.
Foque no bem-estar do colaborador
Inove na experiência do colaborador criando programas de meditação, ou mesmo aplicativos, como foi o caso da Natura. A empresa possui uma área dedicada à ciência do bem-estar, por meio da qual diversas iniciativas são desenvolvidas e aplicadas dentro e fora da empresa. No meio da pandemia a Natura desenvolveu um aplicativo para estimular e auxiliar os colaboradores na prática de meditação.
Por onde começar?
Primeiro devemos reconhecer que Burnout é um problema sério e mais comum do que gostaríamos. A International Stress Management Association estima que cerca de 30% dos brasileiros sofrem de Burnout. No entanto, a síndrome é silenciosa e, por isso, muitas vezes o RH não a percebe.
Para reverter a situação, recomendamos realizar a prática da escuta ativa para entender quais são as impressões e sensações dos colaboradores. Mas para conseguir identificar de modo escalável sinais de Burnout, ou outros pontos críticos da experiência, é necessário possuir uma ferramenta que dê voz ao colaborador e que consiga gerar diversos tipos de análises, permitindo identificar as principais dores e auxiliar na tomada de decisão. Na sequência, busque desenvolver iniciativas que consigam atuar na saúde mental e que garantam um melhor equilíbrio entre vida profissional e pessoal, levando em conta as necessidades mais urgentes dos seus colaboradores.
Quer ficar ligado nas tendências do mundo de RH e entrar na Era da Experiência? Nos siga nas redes sociais!
Leia também:
- Tipos de turnover e seus impactos na organização
- Entenda quais foram os impactos do COVID-19 na experiência do colaborador
- Panorama da Experiência do Colaborador 2021-2022: o maior benchmark de Employee Experience da América Latina