Essa semana, vamos falar sobre um assunto que faz uma grande diferença no dia a dia dos colaboradores: segurança psicológica. Para entender esse tema, vamos primeiro compreender um conceito criado para organizar as necessidades humanas: a Pirâmide de Maslow. Criada na década de 50 pelo psicólogo norte americano Abraham H. Maslow, a pirâmide que leva seu nome representa a hierarquia que as necessidades ocupam na vida dos humanos.
Como se pode perceber na imagem abaixo, essa é a ordem em que as necessidades humanas deveriam ser cumpridas. Ou seja, se um indivíduo carece de necessidades fisiológicas, como o sono, ele terá dificuldade em satisfazer a necessidade de manter a segurança no seu emprego, que está em um patamar acima. Dessa forma, podemos concluir que a segurança (por estar próxima da base da pirâmide) ocupa um lugar essencial para a nós, já que sem ela, a satisfação de outras necessidades é mais difícil, como o pertencimento a grupos, a autoestima e até a criatividade.
O que é Segurança Psicológica?
Agora, vamos para o conceito! O que é, de verdade, a segurança psicológica? Em 1990, William A. Kahn, reconhecido como o “pai do engajamento do colaborador” já falava sobre o tema e afirmava que segurança psicológica é “Sentir-se apto a ser e se mostrar como é, sem medo de consequências negativas para sua imagem, status ou carreira.”
Em tempos mais recentes, Amy Edmondson lançou um livro em 2019 chamado “The Fearless Organization” (A organização sem medo, em tradução livre), em que conceitua segurança psicológica como: a crença de que o ambiente de trabalho é seguro para assumir risco interpessoal, onde colegas confiam e respeitam uns aos outros e se sentem aptos – até obrigados – a serem sinceros.
Por que investir em Segurança Psicológica?
Como já sabemos o que significa segurança psicológica, você pode estar se perguntando: por que investir nisso? Bom, trouxemos um caso real para explicar melhor:
Em 2012, a Google realizou um projeto chamado Projeto Aristóteles, com o objetivo de responder um dos maiores questionamentos nas empresas: como construir um time perfeito?
A primeira hipótese do estudo seria: é necessário reunir pessoas que gostam uma das outras, talvez sendo necessário atingir um nível ideal de pessoas introvertidas versus extrovertidas e reunir também pessoas que possuem laços de amizade. Surpreendente, não foi possível achar nenhum nível de correlação entre o perfil dos membros dos times e o sucesso dos times.
O que eles descobriram, na verdade, é que a forma que os membros interagem é que importa. Ou seja, se esses indivíduos interagem de certa forma, logo, possuem determinada cultura, o time pode criar uma dinâmica fantástica. Os resultados mostraram que existiam 2 fatores essenciais para essa dinâmica: a igualdade de tempo em que os membros passam se expressando e escuta ostensiva (ou seja, o máximo de escuta possível). Isto é, em times que possuem alta probabilidade de obterem sucesso, todos os membros se manifestam de forma igualitária e seus parceiros de equipe os escutam de forma cuidadosa.
Esses dois fatores criam segurança psicológica, fator que a Google descobriu ser o maior fator que de influência no sucesso de um time. Ao garantir isso, se abre portas para as melhores ideias, melhores dinâmicas de trabalho e capacidades mais inovadoras dos seus colaboradores. Por isso que você deve investir em segurança psicológica.
Como criar ambientes com Segurança Psicológica?
Depois disso você pode estar se perguntando: como criar um ambiente psicologicamente seguro, então? Para isso, é necessário criar dois tipos de iniciativas: uma que incentive à expressão dos colaboradores e outra que incentive o acolhimento dos colaboradores aos seus pares.
Em primeiro lugar, fomentar um ambiente em que a vulnerabilidade seja cultivada mostra-se essencial nesse momento. A pesquisadora e autora do best-seller “A Coragem de Ser Imperfeito”, defende que “vulnerabilidade é a coragem de ser autêntico mesmo sem controle das consequências”. Nesse cenário, incentivar e cultivar a vulnerabilidade ajuda a promover um ambiente de trocas autênticas. Para ajudar o acolhimento no time, a criação de uma cultura em que os colaboradores se escutam genuinamente, ou seja, não só se ouvem, mas concordam, discordam ou se complementam significa uma cultura de times vencedores.
Por fim, a melhor forma de construir essa cultura seria “a quatro mãos”, isto é, em conjunto. Nesse cenário, os líderes devem ser instruídos a agirem dessa forma, fomentando um espaço de fala democrático e os colaboradores também devem ser educados para isso, para criarem esse ambiente seguro dentro dos times, promovendo trocas saudáveis e produtivas com os seus colegas.
Segurança Psicológica e Diversidade
Um estudo feito por Thomas Malone, professor do MIT Sloan School, chegou a conclusão que “um grupo com pessoas inteligentes não é necessariamente um grupo inteligente”, o que influencia a questão da inteligência coletiva dos grupos são três principais fatores, sendo eles: percepção social média dos membros, participação igualitária em discussões e percentual de mulheres no grupo.
Essas conclusões se relacionam com um estudo que mostra que em ambientes com alta diversidade e com alta segurança psicológica, existe um crescimento de performance, já em ambientes com alta diversidade e baixa segurança psicológica, a performance cai. Nesse contexto, a segurança psicológica é reforçada por práticas de inclusão, que visam criar ambientes psicologicamente seguros para que grupos minoritários possam se sentir acolhidos e terem espaços adequados de escuta e participação. Assim, vale sempre lembramos da frase “Diversidade é convidar para a festa, inclusão é chamar para dançar”.
Na Pin People, medimos a experiência dos colaboradores através de pesquisas nos momentos que importam e um dos fatores que pode ser avaliado é a segurança psicológica. Como já demonstrado, acreditamos que criando ambientes com alta segurança psicológica, os colaboradores são mais produtivos, criativos e felizes. Assim, atingimos nossa missão, garantindo experiências positivas para todos os colaboradores.
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