As empresas e profissionais de RH estão mais preocupado com a construção da jornada do colaborador na organização. Isso é reflexo de uma tendência apontada em uma pesquisa realizada pelo LinkedIn que mostra que 94% dos entrevistados acreditam que Employee Experience será uma forte tendência para o RH nos próximos anos.
No entanto, existem diversos desafios e obstáculos a serem superados no longo caminho do Employee Experience. Uma pesquisa da Deloitte revela que 80% das empresas possuem dificuldades em implementar ações centradas na experiência do colaborador (Deloitte, 2017).
A jornada do colaborador na empresa está cada vez mais complexa e as mudanças provenientes da pandemia da COVID-19 apenas reforçaram o fato de que construir uma boa jornada de trabalho não é uma tarefa simples. Para auxiliar os profissionais de RH na gestão da experiência do colaborador separamos os 5 erros mais comuns na hora de construir a jornada do colaborador.
5 erros na construção da Jornada do Colaborador
Erro #1: Não ter empatia pelo colaborador
O erro mais comum que muitos profissionais cometem na construção da jornada é não levar em conta as necessidades e desafios do colaborador. Colocar-se no lugar do outro é um exercício que deve ser praticado constantemente, inclusive no momento de pensar a jornada de trabalho na empresa. Às vezes, o que pode ser melhor para um não será bom para outro.
Diferentes áreas, perfis, localidade e mesmas gerações irão apresentar características e necessidades diferentes umas das outras. Somente por meio da empatia será possível construir uma jornada que seja adequada para cada realidade.
Erro #2: Não ouvir o colaborador
O segundo maior erro está muito ligado ao erro #1. A primeira e mais fundamental prática para se construir empatia é ouvindo a outra pessoa. Portanto, sem ouvir e entender as percepções dos seus colaboradores, será mais difícil construir uma jornada de trabalho bem sucedida.
A prática da Escuta Ativa vem ganhando força dentro das organizações nos últimos anos por se tratar de uma abordagem que trabalha o interesse genuíno pelo o que a outra pessoa está falando, estando disposto a escutar sem julgamentos e fazendo investigações para garantir que a mensagem foi compreendida corretamente.
No entanto, apenas ouvir com atenção e disposição não é suficiente, nem ágil o bastante, quando falamos de algumas centenas de colaboradores. Por isso, é necessário buscar por plataformas que consigam se aproximar ao máximo dessa prática, trazendo informações qualitativas e quantitativas que podem ser usadas para formar insights e compreender as dores e necessidades dos seus colaboradores.
Erro #3: Esquecer que a empresa é um ambiente diverso
O mundo está mais diversos e, consequentemente, as organizações. A pluralidade faz parte da ordem do dia e as forças de trabalho refletem essa realidade. Nessa perspectiva, não é mais possível criar uma jornada de trabalho única para todos os colaboradores. Irão existir necessidades e desafios que serão específicos de cada um, ou de cada grupo. Não obstante, empresas que conseguem trabalhar diversidade e inclusão com excelência se tornam mais preparadas para o futuro e adquirem vantagens na atração de novos talentos.
A diversidade deve ser aplicada nos mais variados aspectos, desde planos de benefícios dinâmicos até diferentes alternativas de remuneração. Uma jornada de trabalho que respeite as diversidades existentes permite entregar um melhor EVP (Employee Value Proposition) para o seu colaborador. Como consequência, haverá um aumento de retenção e fortalecimento da sua marca empregadora.
Erro #4: Esquecer de trabalhar a cultura organizacional
A cultura organizacional é a identidade da empresa, sendo formada a partir de um conjunto de fatores, como: valores, comportamentos, rituais de gestão, estruturas do ambiente de trabalho, relações com stakeholders e até mesmo modelos de negócio da empresa. Quando a cultura organizacional está alinhada com os valores individuais dos colaboradores acontece uma identificação, formando um forte vínculo com a empresa.
“… a cultura representa para grupos e organizações o mesmo que carácter para indivíduos.” (Edgar Schein)
Porém, é muito comum esquecer de trabalhar a cultura organizacional ao longo da jornada do colaborador. Muitas vezes as necessidades dos colaboradores podem ser sanadas por meio de práticas de cultura. Rituais de gestão, espaços de trabalho e práticas de bem-estar e saúde mental, por exemplo, podem ser adaptadas de acordo com os desafios dos colaboradores em determinados momentos da jornada.
Além disso, trabalhar sistematicamente aspectos da cultura organizacional é uma excelente estratégia de retenção, na medida que reforça o alinhamento com valores individuais do colaborador e torna o ambiente de trabalho mais prazeroso.
Erro #5: Não olhar a jornada de ponta a ponta
Outro erro muito comum é dar muita atenção para alguns momentos da jornada e esquecer que a experiência do colaborador continua até a sua saída. Existem momentos que são fundamentais na construção Jornada, como o Onboarding. No entanto, não ter a visão de continuidade ou não conseguir conectar as diversas partes da jornada pode comprometer a experiência do colaborador na empresa.
Olhar a experiência de ponta a ponta significa enxergar um começo e um fim e, a partir disso, mapear os principais momentos e interações que acontecem, ou poderão acontecer, durante a trajetória do colaborador na empresa. Trata- se de um exercício de “empatia projetada” que visa antecipar as necessidades e entender por quais caminhos o colaborador poderá evoluir e se desenvolver ao longo do tempo, garantindo uma jornada de trabalho capaz de entregar valor e satisfação para o colaborador.
A construção da Jornada é uma combinação de empatia e análises
Muitos desses erros passam despercebidos ou são cometidos no automatismo do dia a dia de trabalho. Por isso, conhecer os principais erros é importante para sair dos vícios e começar a construir uma jornada mais adequada à realidade dos seus colaboradores. Lembre sempre de olhar a experiência de ponta a ponta, começando pela primeira interação com a empresa durante o processo seletivo.
Os primeiros dias de trabalho, bem como o desligamento, são interações fundamentais entre empresa e colaborador, além de serem extremamente estratégicas para a captação de feedbacks e implementação de melhorias na experiência. Em relação à feedback, busque sempre extrair as percepções e sentimentos dos colaboradores, e utilize esses insumos para entender os pontos de melhoria e desenvolver planos de ação.
Como já dizia Clarice Lispector: “Cada pessoa é um mundo”. Por isso, vale reforçar também um olhar atento para a diversidade da empresa, considerando todos os diferentes grupos, gerações, gêneros e condições de trabalho. Construa jornadas que façam sentido para os colaboradores, melhorando sua experiência com a empresa.
Por fim, considere as mudanças que estão surgindo no ambiente de trabalho devido, principalmente, às transformações de comportamento e mindset, aceleradas pela pandemia da COVID-19. O modelo de trabalho tradicional não será mais o carro-chefe em muitas empresas. Lembre de considerar novos modelos de trabalho e suas condições no momento em que for desenhar a Jornada do Colaborador.
Quer ficar ligado nas tendências do mundo de RH e entrar na Era da Experiência? Nos siga nas redes sociais!
Leia também:
- Burnout: quais são os principais sinais e como o RH pode preveni-los?
- O futuro do RH pelo LinkedIn Global Talent Trends 2020
- Como aumentar a satisfação dos colaboradores